Autora: Flora Selma Trein Kling
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PERÍODO CLÁSSICO ANDINO
O período clássico andino é
caracterizado pela existência de sociedades agrícolas urbanas, que
são grandes construtores e possuem um sistema religioso bem
definido. Essas sociedades são expansionistas, portanto a guerra e a
dominação cultural estão muito presentes no registro arqueológico.
Está presente também o surgimento de técnicas especializadas na
produção de cerâmica, tecidos e na fundição de minerais como o
cobre, de acordo com Fiedel:
"Las
ciudades y los estados se desarrollaron; fueron construidos sistemas
de irrigación a gran escala em los valles de la costa; las
poblaciones alcanzaron su máximo tamaño en muchas áreas; y los
artesanos llegaron a ser excelentes ceramistas, tejedores e
metalúrgicos. La aparición de los estados también tiene su lado
negativo: la guerra se hizo más común y se construyeron
fortificaciones y ciudades amuralladas” (FIEDEL, 1996, p.361)
Nessa época existe um grande
aumento populacional, que se relaciona com a domesticação e o
refinamento de técnicas de cultivo de plantas “[...] el desarrollo
demográfico está em intima relación com las mayores possibilidades
de vida que se dan em este tempo.” (LUMBRERAS, 1980, p.97). Embora
a base da alimentação fossem os tubérculos e o milho, na costa são
encontrados restos de animais que mostram que a pesca ainda era uma
atividade importante assim como a caça na serra ainda que “[...]
debido a los interesses agrícolas, la poblácion serrana tiende a
trasladarse a lugares cercanos a los vales susceptibles de oferecer
terrenos de cultivo.” (LUMBRERAS, 1980, p.95) além de indícios de
domesticação de cachorros e lhamas (LUMBRERAS, 1980, p.97).
Na cultura Chavín se inicia a
construção de grandes centros cerimoniais na zona andina central
(LUMBRERAS,
1980, p.98)
assim como
aparecem figuras mitológicas usadas mais tarde pelos Tiahuanaco,
como o chamado deus dos báculos e figuras felinas antropomorfizadas.
As sociedades desse período são bastante estratificadas, e
sacerdotes aparecem em cerâmicas e tapeçarias como figuras centrais
sociais, politica e economicamente, o autor Lumbreras explica a
importância do sacerdócio além do culto:
"Debe
suponerse que al lado del oficio cultista, las funciones sacerdotales
pudieron alcanzar incluso el control de certo tipo de trabajos tales
como los relacionados com la hidráulica, el cultivo, etc.”
(LUMBRERAS, 1980, p.110)
No entanto a influencia Chavín
estava muito restrita por volta de 200 A.C o que possibilitou o
surgimento de culturas diversas. A civilização Mochica é conhecida
pelas cerâmicas que mostram atividades do cotidiano e são
importantes para compreender como essas pessoas viviam e que tipos de
deuses cultuavam, a temática das pinturas é bem variada:
“[...] representaciones
realistas de dioses, ceremonias, atividades manufactureras, caza,
pesca, agricultura, edificaciones, guerra, rituales de la corte,
crimines y castigos, recaudación de tributos, efermedades y
actividad sexual.” (FIEDEL, 1996, p.361)
As cerâmicas também são uma
boa indicação de dominação, já que o estilo dela era difundido
aos locais conquistados, o estado mochica estabelecia governos locais
e fortificações nos lugares conquistados, portanto a troca cultural
é só um aspecto da submissão dessas populações. Na capital
mochica existiam grandes estruturas piramidais escalonadas chamadas
Huaca del Sol e Huaca de la Luna, degraus diferentes tinham marcas de
fabricantes diferentes, o que é um indicio de que populações
dominadas teriam de participar dessas construções:
“Los ladrillos que
conformaban cada sección llevaban la marca del mismo fabricante,
distinta de las otras secciones, lo que sugiere que habían sido
colocadas en cada sección por equipos de trabajadores reclutados en
una comunidade y operando como una unidad separada [...] puede ser
que el estado mochica intituyera un sistema de trabajo obligatorio
para los proyectos públicos.” (FIEDEL, 1996, p.363)
Em cada capital provincial se
construía edificações parecidas com essas Huacas além de
fortificações para prevenir ataques tanto de outros estados quanto
das populações dominadas, felizmente o trabalho com metal dos
Mochicas era bastante avançado o que provavelmente ajudava em todo
tipo de conflito, além de criarem peças ornamentais e instrumentos
agrícolas (FIEDEL, 1996, p.363). Nas vestimentas estavam as marcas
da estratificação social e também da importância da guerra, os
nobres, guerreiros e sacerdotes faziam parte da elite além das
cerâmicas e oferendas funerárias mostrarem que essa era uma
sociedade hierárquica.
A cultura Nazca foi
contemporânea a de Moche, além de cerâmica, eles confeccionavam
tecidos de ótima qualidade, no entanto as suas criações mais em
evidência são as Linhas de Nazca, desenhos feitos no chão que só
podem ser vistos do céu, considerando que nesse período eles não
fizeram estruturas verticais piramidais como era comum, é provável
que os desenhos no chão sirvam a um propósito religioso parecido,
“[...] un proyecto análogo a los macizos montículos de la costa
norte.” (FIEDEL, 1996, p.367).
A civilização Tiahuanaco, no
entanto, dominava a arquitetura em pedra eles criaram de avenidas,
templos e tumbas e esculturas de pedra em um estilo que foi bastante
difundido na zona andina central. Um de seus maiores centros urbanos
estava em uma área pantanosa, portanto eles dominavam uma técnica
de cultivo parecida com as chinampas astecas onde plantavam em cima
de diques utilizando o barro do lago como fertilizante (FIEDEL, 1996,
p.368). Os Tiahuanaco estabeleciam relações econômicas com muitas
populações diferentes o que garantia produtos diversos que eles não
conseguiriam normalmente, ainda que as relações politicas deles
sejam difíceis de interpretar, sabemos que eles tiveram uma grande
influencia na cultura dos Huari e na cultura Nazca (FIEDEL, 1996,
p.371).
2
PERÍODO PÓS-CLÁSSICO ANDINO
2.1
Império Huari
O período Pós-clássico
andino se deu por volta do século VI. Neste momento a região andina
encontrava-se política e geograficamente alterada devido às
disputas em busca de expansão territorial dos estados regionais do
período Clássico. Havendo assim, uma tendência a militarização e
um significante prestígio de algumas elites regionais que cresciam
com esta militarização e com a tributação de trabalhos coletivos.
O período Pós-clássico foi
caracterizado pelos processos de unificação regionais, cuja
emergência visava estabelecer impérios territoriais. Estes seguidos
por períodos de instabilidade em âmbito político. O período
Pós-clássico andino teve como primeiro momento o processo de
unificação entre 600 e 1200 d.C, aqui encontramos o Império Huari.
Segundo evidências
arqueológicas a cidade Huari estabeleceu-se nas proximidades da
atual cidade de Ayacucho no Peru, sendo considerada uma colônia de
Tiahuanaku. Ambos os impérios, Huari e Tiahuanaku, apresentavam
algumas semelhanças, principalmente nos aspectos arquitetônicos e
religiosos, chegando até mesmo a dividirem o poder do Altiplano
andino em meados do período Pós-clássico.
Ainda assim, segundo Fiedel as
relações entre os impérios Huari e Tiahuanaku não foram
totalmente esclarecidas
Las relaciones de los estados
de Huari y Tiahuanaco no están claras. [...]
Algunos arqueólogos reconecen
uma ruptura em la distribución del estilo de carámica que puede
marcar el límite entre los estados del norte y del sur; por otro
lado, el plan regular de los complejos recuerda más la arquitectura
de Tiahuanaco que las edificaciones adaptadas a um perfil Huari.
Además, las recientes excavaciones en Huari han revelado vestigios
de recubrimiento em la arquictetura de piedra como existía en
Tiahuanaco debajo de las paredes hechas com barro y piedra. Esto
sugiere la posibilidad de que Huari comenzara como uma colônia de
Tiahuanaco. (FIEFEL, 1996, p.371).
Antes de constituir-se como
império, a cidade de Huari foi fundada em 600 d.C, com uma população
de 10 a 30 mil habitantes em uma área não muito maior a 4 km².
Tinha uma economia baseada na agricultura - que contava com um
desenvolvido sistema agrícola com canais e obras hidráulicas, na
criação de alguns animais como as lhamas, no cultivo de
matérias-primas e na exportação de instrumentos metalúrgicos
feitos de bronze.
Com uma população em
constante crescimento, por volta de 800 d.C houve a necessidade de
expansão do poder político de Huari, por meio de conquistas
militares com o objetivo de conquistar povos e territórios.
Compartilhando o poder do altiplano com o império Tiahuanaku, Huari
lançou seu processo de expansão em sentido ao litoral conquistando
Nazca na área litorânea do sul do Peru, Moche na área litorânea
norte e, por último, a área litorânea central com Pachacamac e
Cajamarca. Este processo de expansão em direção ao litoral peruano
levou quatro séculos. A importância desta ampliação territorial
também acarretava no aumento de contribuintes da rede tributária.
As regiões que passaram a ser
pertencentes ao Império Huari sofreram uma forte transição
cultural, tendo as tradições locais ainda do Período Clássico
substituídas pelo padrão cultural Huari-Tiahuanaku. As cerâmicas
passaram a apresentar o estilo Altiplano, de modelo policroma,
representando o Deus dos Báculos de forma iconográfica.
O verdadeiro caráter da
expansão Huari está na reorganização dos centros urbanos
(LUMBRERAS, 1980). Assim como a cultura, o plano urbano assumiu o
padrão arquitetônico Huari-Tiahuanaku. Portanto, esta reorganização
não apareceu somente em caráter físico e arquitetônico – apesar
da criação de canais de irrigação e construção de estradas -
mas principalmente em âmbito de reorganização política. Ou seja,
as cidades foram fortificadas, recebendo além de função religiosa
e cerimonial, funções administrativas e produtivas com presença de
edificações estatais, como também o controle do Estado sobre a
produção artesanal e na circulação de bens, havendo uma espécie
de burocratização voltada para arrecadação tributária.
O Império Huari-Tiahuanaku
entra em declínio por volta de 1.200 d.C, segundo Lumbreras (1980),
devido a contradições internas e a forte rearticulação do poder
entre as elites locais que rebelaram-se, ao mesmo tempo em que houve
uma significativa concentração nos centros urbanos, havendo o
abandono da agricultura. A queda do Império Huari no século XI
permitiu o retorno dos Reinos Regionais, destacando-se os reinos de
Chimu, Chancay, Chanca e Cuzco. Onde cada um desenvolveu-se de acordo
com suas possibilidades econômicas.
2.2
Império Chimu
Por volta de 1000 d.C os
símbolos culturais, principalmente religiosos, da cultura
Huari-Tiahuanaku começaram a desaparecer cedendo espaço para a
reaparição das antigas tradições regionais, marcando o fim do
período do Horizonte
Medio e o
início do período Intermedio
Tardío. É
neste cenário que encontramos o Reino Chimu.
O Reino Chimu surgiu por volta
de 800 d.C, tendo conquistado outros povos que resultou na
abrangência de uma área extensa que hoje corresponderia ao norte
peruano. A capital Chimu, a cidade de Chan Chan, contava com nove
enormes palácios e um de estrutura menor, todos rodeados por uma
muralha de adobe. Estes palácios tinham a função de abrigar o
soberano em vida e, posteriormente, depois da morte, onde o corpo do
soberano era enterrado na plataforma do palácio e os seus
descendentes tinham o dever de manter o local como sagrado.
Chan Chan era o coração do
reino de Chimu, além de comportar os palácios reais, abrigava em
sua área urbana de 25 km² complexos residenciais dos quais
abrigavam a nobreza militar. O perímetro urbano na capital de Chimu
também era composto por cerca de 20 mil habitantes, distribuídos
entre artesãos e trabalhadores.
Na economia de Chan Chan
destacava-se a confecção de tecidos e instrumentos metalúrgicos.
Este último seguia o padrão do período Clássico e tinha sua
produção dedicada principalmente a utensílios fúnebres, segundo
escavações arqueológicas.
Além da metalúrgica, a
cerâmica Chimu também apresentava padrão tradicional do período
Clássico, sobre forte influência da cultura Moche Clássica. Feita
em moldes, a cerâmica Chimu apresentava decoração monocromática e
em alto relevo em tons variantes entre cinza e preto.
Antes do seu declínio, os
chimus deram início a investimentos em grandes obras de irrigação
El proyecto más grande
iniciado por los chimús fue la construcción de um canal que podia
traer agua a los campos del Valle Moche desde el río Chicama,
aproximadamente a 30 km al norte; no obstante, este canal inter-valle
nunca fue terminado. (FIEDEL, 1996, p. 373).
O
sistema de canais ficou incompleto, sendo reduzido gradualmente
depois de 1.000 d.C, segundo Fiedel. Entretanto, o Reino Chimu
continuou estendendo seu território, com seu auge em 1.400 d.c com
duração de 50 anos. Tendo seu declínio quando se estendeu 500 km
em direção a costa, confrontando-se com a conquista Inca, em 1465.
2.3
Império Inca
O império Inca, com
sua capital em Cuzco, assim como outras sociedades do mesmo período,
suscita dúvidas até os dias de hoje. Há diversas discussões para
caracterizar o império em questão, alguns pesquisadores a chamam de
"semi-feudal", outros de escravista, etc. Porém, os Incas
assim como os Astecas, tiveram um regime de tributos muito forte em
sua organização econômica e social. Os tributos regiam
praticamente qualquer relação de trabalho, pagamentos de dívidas e
trocas de mercadorias.
O tributo pode
explicar muitas das relações dessas sociedades, e uma delas é a
forte divisão em classes ou ordens da sociedade e, consequentemente,
a exploração de umas pelas outras. Favre, em A Expansão Inca, vai
definir que a sociedade vivia em uma "multiplicidade de
pequenas comunidades agropastoris". O ayllu
era o nome
que se dava ao conjunto de famílias que habitavam uma aldeia, essas
pessoas se dividiam por laços de parentesco ou alianças.
Dentro dessas
famílias pode-se observar a divisão do trabalho, sendo elas
responsáveis pela produção e consumo: O homem ficava com as
tarefas da lavoura e do artesanato, por exemplo, e à mulher era
destinado o trabalho doméstico. É interessante observarmos que,
segundo algumas fontes da sociedade Inca, era ao homem que era
concedido o trabalho da cerâmica, enquanto que em outros povos, como
o povo Tupi-Guarani, que habitavam o território que hoje corresponde
ao Rio Grande do Sul, à beira do rio Uruguai, eram as mulheres que
faziam todo o trabalho da cerâmica.
Mesmo que houvessem
alguns casos de casamento poligâmico, a monogamia era considerada a
regra dos casamentos no império Inca. Pode-se crer que o casamento
poligâmico era em maior grau efetuado por setores mais ricos da
sociedade, fator muito explicado pela "renda" do indivíduo.
O campesinato andino
também foi uma classe de grande importância para o modo de produção
inca, mesmo com as condições precárias do solo andino, conseguiam
resultados impressionantes em suas terras:
"Calculava-se em mais de
40 o número de espécies vegetais que, por via da seleção e da
especialização cada vez mais avançada, ele chegou a tornar
produtivas. Cada uma dessas espécies corresponde a um sítio
ecológico determinado. Batata, kinoa,
milho, vagem, pimenta, batata-doce, abóbora, cabaça, mandioca,
amendoim, abacate, algoão - para mencionar apenas as principais -
distrbuíam-se desde as terras frias de elevada altitude até os
vales baixos e cálidos das planícies." (FAVRE, 1995, p. 34)
O kuraka
era o chefe
que controlava os ayllu,
esses
últimos deviam serviços para o primeiro. Essa relação se dava
pela exigência da mão-de-obra, ou seja, as famílias prestavam
serviços a esse chefe porém, não pagavam tributos. Entretanto, se
formos pensar, essa exploração do trabalho também pode ser
considerado um "tributo" ao soberano.
O imperador inca
estava diretamente ligado ao Deus Sol, portanto, seria uma
representação na terra das vontades dessa divindade e por isso era
amplamente respeitado e temido. Foi através do trabalho da corvéia
que os trabalhadores eram submetidos que surgiram grandes construções
incas que conhecemos hoje. Além das funções administrativas e as
das guerras, os incas construíram grandes obras como pontes,
estradas e vilas habitacionais (para as classes abastadas), etc.
A propriedade da terra
para os Incas não consistia em um direito. Era normalmente dividida
pelo Estado em partes para o Deus Sol, partes para o soberano e seus
seguidores e outras para a população em geral, essa última divisão
em menor escala e mediante serviços para o imperador. Podemos falar
também em propriedade privada, sendo essa dividida, normalmente,
entre os chefes locais.
Wachtel irá abordar uma
divisão tripartidária do império Inca, sendo Colanna,
Payen e
Cayao
os três grupos, em contexto hierárquico.
"Estas categorías entran
en la organización del sistema de parentesco... Pero estas
categorías implican también una definición social: Collana designa
al grupo de los jefes, es decir, de los conquistadores incas; Cayao
unifica a la población vencida, no inca; por último, Payan
representa un grupo mixto, constituido por los ayudantes o servidores
de los jefes, a la vez inca y no inca." (WACHTEL, 1976, p. 117)
Podemos notar então,
sobre a divisão da sociedade inca, uma ampla perspectiva
hierárquica, com graus baixos e elevados e, em nossa linguagem
atual, uma meritocracia por parte das definições de poder e
direitos.
A sociedade inca foi
uma das mais desenvolvidas do período Pós-clássico Andino, sua
arte e sua organização social e econômica podem ter servido de
base para outras sociedades. Assim como outros impérios, como o
Asteca, quando foram invadidos pelos espanhóis, possuíam amplos
poderes e uma organização estatal fortemente desenvolvida. Foi no
período da conquista onde esses impérios conheceram seu máximo
esplendor, esplendor esse que foi completamente destruído por esses
invasores.
Fotos: Julio Kling
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFIAS:
FAVRE,
H. A Civilização Inca. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1995.
FIEDEL,
S. Prehistoria
de America.
Barcelona: Crítica, 1996.
LUMBRERAS,
L. El Peru
prehispanico.
In: Nueva Historia Geral del Peru. Lima: Mosca Azul, 1980.
WACHTEL,
N. Los
Vencidos: Los Índios del Peru Frente a Conquista Española
(1530-1570).
Madri: Ed. Alianza, 1976.
Fotos: Museu de Antropologia de Lima - Peru
Fotos: Museu de Antropologia de Lima - Peru
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